TREINO FASCIAL APLICADO AO PILATES
POR CRISTINA COELHO
Muito se tem falado sobre a Fáscia, mas desde 2007 é que um grupo de pesquisadores, científicos e terapeutas decidiram estudar mais profundamente esse sistema criando mesmo uma ciência chamada de “Estudo da Fáscia”.
Mas o que é a Fáscia?
“O tecido conjuntivo muscular – a fáscia – é um dos tecidos mais subestimados do nosso corpo. As pesquisas mais recentes mostram que a fáscia forma uma base importante para a vitalidade do corpo, movimento e o desempenho atlético. As descobertas científicas na pesquisa internacional da fáscia fornecem resultados reveladores, que levam a uma reorientação no campo desportivo, em programas de Exercícios Holísticos e da Reabilitação Médica.”
“Fáscia, a membrana à volta de cada célula.” (Thomas Myers)
É um sistema energético de forças.
É um Sistema porque envolve vários níveis de construção da estrutura fascial.
Além de estrutura de suporte é um elemento mecânico com tensão elástica e viscoelástica.
A fáscia é agora considerada um dos nossos órgãos sensoriais mais importantes.
O tecido conjuntivo envia sinais para o cérebro – o próprio coração de nossa consciência. Todos os movimentos do nosso corpo são determinados por sensores na fáscia. Se eles falharem, as pessoas não podem mais controlar seus movimentos.
Fáscia e Movimento
Com tantas descobertas importantes, foi criado, na Alemanha, o primeiro grupo para estudar a fundo as funções da fáscia. Liderado pelo pesquisador Robert Schleip, o Fascia Research Group, da Universidade de Ulm, criou uma modalidade para desenvolver e tirar o máximo de proveito desse tecido. Como resultado, nasceu o fascial fitness, atividade que trabalha esse tecido e ajuda a criar consciência corporal, favorece o tônus muscular, melhora a flexibilidade, estimula a formação de colágeno e redução das dores
Quando olhamos para os movimentos elegantes e coordenados de um bailarino, ou as acrobacias dos artistas circenses, a potencia das pernas de um atleta de triplo salto, isso tudo não se trata apenas de músculos, boa coordenação motora ou até “bons genes”.
Segundo a Pesquisa Internacional da Fáscia, os tecidos conjuntivos musculares chamados de miofasciais, são mais importantes para um corpo em movimento do que aquilo que poderíamos imaginar.
Pesquisas recentes comprovaram que toda a rede fascial do corpo tem um papel importante na transmissão de forças, da hidratação dinâmica dos fluidos e da propriocepção.
Um treino específico baseado na criação de um corpo “fascial” forte e flexível pode ser de uma grande importância para atletas, bailarinos, praticantes de artes marciais, yoga, pilates e todos os amantes do movimento. O movimento que nos dá saúde física, mental e emocional.
O treino da Fáscia é baseado sobre 4 pilares que podem ser inseridos em qualquer modalidade.
Strech
Alongamentos dinâmicos multidirecionais e que são explorados para estimular a plasticidade e o formato multidimensional da Fáscia Superficial;
Libertação Miofascial
Através de bolas ou foam Roller com vários movimentos, libertar e reidratar os tecidos de maneira a permitir o deslizamento entre as várias camadas;
Refinamento sensorial ou Proprioceptividade
Sendo que os mecanorreceptores que respondem a estímulos de pressão, vibração, calor ou estímulo mecânico encontram-se na Fáscia, os acessórios atuam como “as mãos” da terapia manual, só que no movimento, o que facilita a aplicação para grupos, como atuamos no Pilates.
Rebote elástico
A Fáscia é conhecida também como rede elástica, devido ao colagénio e a elastina que proporcionam mobilidade junto com os fluídos da MEC (Matriz Extracelular). Para estimular esse potencial de mola é necessário mover-se como tal, explorando saltitos e pulsos no final do movimento.
As fibras de colagénio podem ser remodeladas com treinos específicos e podem se renovar a partir de 3 meses de estímulo, segundo estudos recentes. Essa remodelação torna o corpo jovem e saudável, promovendo maior qualidade de vida para os alunos.
Aplicar esses 4 pilares aos exercícios de Pilates, é potenciar os próprios exercícios respeitando o corpo como um todo na sua tensegridade, e torna-se essencial para quem se quer posicionar de maneira inovadora promovendo a prevenção da saúde dos seus alunos e diversificando os próprios exercícios do repertório.