O PAPEL DO INSTRUTOR DE FITNESS
POR PEDRO PEREIRA
Em todas as formações que leciono, inicio sempre por perguntar aos formandos quais julgam ser as características mais relevantes para um professor na área do fitness. Sistematicamente as respostas variam entre dinâmico, atencioso, interessado e qualificado, conhecedor e exímio tecnicamente. O primeiro grupo de atributos aporta à personalidade e o segundo à formação como praticante e profissional. A personalidade é algo que se constrói ao longo da vida e que terá sempre peso nas relações que se criam, mas não existe uma fórmula adequada e ajustada de modo a agradar a todos. Logo não se pode fazer depender o sucesso profissional dessa circunstância pois não é controlável. Já a formação profissional é fruto de escolhas e investimento pessoal, no entanto também por si só não determina a capacidade de se estabelecer uma relação produtiva e duradoura com os alunos/clientes. É lógico reconhecer e assumir que a combinação destas duas dimensões é que ditará o potencial êxito que um instrutor poderá alcançar, contudo eu procuro sempre levar os alunos a reconhecer uma terceira variável neste processo: a procura da aprendizagem significativa por parte dos alunos. Aquela em que não só a dimensão física do individuo é afetada, mas também a sua dimensão cognitiva por ter que ajustar o novo conhecimento adquirido.
Comummente se pensa que quanto menos os alunos souberem sobre como alcançar os seus objetivos ou quanto maior a necessidade de motivação extrínseca – gerada pelo instrutor – mais a sua dependência para com o instrutor aumenta. O que leva à procura regular e constante pelo serviço que este último presta. É a partir desta construção estruturada que nos dias de hoje se vê aulas desprovidas de conteúdo informativo válido para que os clientes conceptualizem o seu trajeto evolutivo de uma forma orientada e autossustentada. Aulas e/ou treinos dados para o desenvolvimento de uma única forma de aprendizagem: a recetiva, em que o sujeito reproduz o que lhe é pedido mas não descobre nada. Não coloco aqui em causa o volume de conhecimento e capacidade técnica do instrutor, presumirei sempre que são competentes e conhecedores, apenas a abordagem que utiliza e a meta que persegue. Aulas onde o professor é um mero demonstrador e entertainer ou treinos que são estruturados para que o cliente realize movimentos sempre dentro da zona de conforto em termos de complexidade.
No âmbito do módulo Pedagogia do Exercício, que leciono, inserido no programa curricular do curso TEEF (Técnico Especialista em Exercício Físico) ajudo os alunos a desenvolver a confiança necessária para não temerem uma relação professor-aluno alicerçada no conhecimento partilhado, mas também na criação de ferramentas pedagógicas para que as aulas possam ser estruturadas tendo em perspectiva a evolução global de cada aluno. Recorro a dinâmicas práticas, com feedback constante, mas também a colocar os formandos como observadores munidos de critérios específicos para avaliar o que outros instrutores fazem, tanto em aulas de grupo como sessões de pt.
Perceber a posição do instrutor de fitness como um professor cujo sucesso é alcançado com o crescimento exponencial de cada um dos seus alunos é o propósito do módulo Pedagogia do Exercício.
Autor:
PEDRO PEREIRA
PROMOFITNESS- Licenciado em Psicologia no Instituto Universitário da Maia;
- Pós-Graduação em Psicologia do Desporto – INSPSIC
- T.E.E.F. – Técnico Especialista em Exercício Físico pela Promofitness
- Formado em 2000, pela Universidade Internacional de Yoga, como instrutor no grau de Professor;
- Formação em Dança Contemporânea em 2010 pela academia de artes performativas Asas de Palco;
- Formação em Step e Ginástica Localizada pela Promofitness;
- Professor de Yoga em vários locais;
- Responsável pela formação profissional Associação de profissionais de Yoga da Maia e Braga.