Consequências da inatividade física em idosos
POR SABRINA COSTA
O aumento da expectativa de vida é um dos sucessos em saúde pública do século XX, no entanto, não é suficiente apenas envelhecer, mas “como” chegaremos lá também é importante. Para isso, manter a função física e cognitiva e impedir o surgimento de doenças incapacitantes é o nosso grande desafio atualmente.
A literatura sugere que os declínios relacionados à idade na capacidade funcional, qualidade de vida, aumento do risco de morbidade, incapacidade e mortalidade podem ser compensados ou adiados pela adoção de estilos de vida mais ativos fisicamente. As diretrizes internacionais recomendam que os idosos pratiquem pelo menos 150 minutos de atividade física de intensidade moderada a vigorosa por semana. No entanto, a inatividade física (ou seja, não atingir esses valores – o famoso “faço quando dá…”) tornou-se comum, com uma estimativa de 31% da população mundial não atingindo os níveis recomendados de atividade física.
A inatividade física é reconhecida como um dos principais fatores de risco para sobrepeso, obesidade e doenças crónicas não transmissíveis (doenças cardíacas, diabetes, doenças respiratórias etc.) e foi identificada como o 4º principal fator de risco para mortalidade global. Além disso, esse baixo envolvimento em atividades físicas é estimado como sendo a principal causa de 21% a 25% da carga de cancro de mama e cólon e aproximadamente 27% e 30% de diabetes e de doenças cardíacas, respectivamente.
Para os idosos, que passam por diversos processos de deterioração nesta fase, todos esses fatores aumentam ainda mais, pois essa fase da vida já é caracterizada pela redução das atividades físicas pelos mais variados motivos (ex.: reforma), perda de mobilidade, independência funcional e declínio cognitivo, portanto entender exatamente os impactos da atividade física nos idosos é fundamental. Para isso, foi publicado um estudo recentemente que nos mostra o impacto da atividade na saúde física e mental e os resultados nos mostram que: Os Idosos fisicamente ativos têm um risco reduzido de mortalidade por todas as causas e cardiovascular; câncer de mama e próstata; fraturas; incapacidade para as atividades da vida diária, limitação funcional e risco de queda (um dos maiores problemas quando atendemos idosos); E não paramos por ai, temos também redução do declínio cognitivo, demência, doença de Alzheimer e depressão. Eles também são mais saudáveis durante o processo de envelhecimento; têm melhor qualidade de vida e melhor funcionamento cognitivo. Um outro ponto importante no estudo é que foi demonstrado que uma dose semanal de atividade física moderada/vigorosa correspondente a 75 minutos por semana, está associada a uma redução na mortalidade por todas as causas em 22%.
Com relação à saúde mental, demonstrou-se também que mesmo quantidades menores de atividade física (como uma sessão semanal de aproximadamente 75 min) conferem proteção significativa e consistente contra a ocorrência de declínio cognitivo em pessoas sem demência. E ainda, que a atividade física pode melhorar a função cognitiva (ou seja, eles pensam melhor e tomam melhores decisões) e, consequentemente, atrasam a progressão do comprometimento cognitivo característico da idade.
Concluímos, portanto, que muitos idosos não estão envolvidos em níveis suficientes de atividade física para obter esses benefícios à saúde. Os profissionais envolvidos na aplicação e prescrição de exercícios sabem que esta fase da vida representa um período importante para promover a atividade física e melhorar as funções da vida diária, no entanto, para desbloquear os benefícios da atividade física, é imperativo que haja políticas públicas voltadas à este público especificamente e profissionais qualificados para apoiar os idosos a atingir os níveis recomendados de atividade física.
Bibliografia
Cunningham, C., O’ Sullivan, R., Caserotti, P., & Tully, M. A. (2020). Consequences of physical inactivity in older adults: A systematic review of reviews and meta-analyses. Scandinavian journal of medicine & science in sports, 30(5), 816–827. https://doi.org/10.1111/sms.13616
Autora:
SABRINA COSTA
PROMOFITNESS- Licenciatura e Bacharelado em Educação física (São Paulo – Brasil);
- Mestrando em Exercício e Saúde;
- Pós-graduação em Biomecânica e Avaliação física (São Paulo – Brasil);
- Proprietária de estúdio de Pilates e treino funcional Estúdio Infinity Pilates;
- Autora de textos para o “blog Pilates” – Brasil;
- Formadora de cursos na área de Pilates, específicos para aperfeiçoamento de profissionais de Pilates;
- Certificada em Mat Pilates (Inélia Garcia), Aero Pilates (Fit Prime), Pilates avançado em equipamentos (Voll Pilates)