COACHING QUE FAZ A DIFERENÇA
POR PEDRO SILVA
O Coaching como conhecemos atualmente, e cuja abordagem serve de base ao meu trabalho, tem origem sustentada no livro “The Inner Game of Tenis” de Timothy Gallwey, um ex-tenista e treinador americano que inovou na abordagem ao desenvolvimento dos seus atletas, na forma como lidava com os seus erros e como conseguia mobilizar a sua motivação.
No fundo, tinha claro para si que, mais do que simplesmente perceber de ténis, é preciso perceber as pessoas que o praticam.
Desde então, o Coaching proliferou e chegou a várias áreas da nossa vida, dos negócios ao ensino, diversificando abordagens e ganhando popularidade, acima de tudo porque permite intervir junto das pessoas a três níveis:
Consciencialização – através das chamadas perguntas poderosas, nomeadamente se forem perguntas abertas, o Coach orienta a reflexão do Coachee, permitindo-lhe explorar novas linhas de pensamento e facilitando situações de insight – momentos súbitos de tomada de consciência – sobre os seus comportamentos, hábitos, crenças, processos, resultados, etc., promovendo uma compreensão mais profunda e valiosa.
Para que isto aconteça, é fundamental que o Coach consiga colocar as perguntas certas. Liderar, treinar, ensinar, educar com recurso ao Coaching não significa que se sabe menos porque se pergunta mais… bem pelo contrário! Como se encontra escrito no livro que deu origem ao Coaching: “It does not mean not to think, but to be the one who directs their own thinking.” – T. Gallwey. Isto não significa não pensar – mas sim que o Coach dirige corretamente o pensamento e reflexão do Coachee.
Esta é a verdadeira consciencialização e, quando são as próprias pessoas a consciencializar-se de onde estão, para onde vão e como podem lá chegar, agem com compromisso – mudam comportamentos, superam adversidades e estão a iniciar o caminho que os levará aos resultados.
Preparação – o facto de o Coachee estar consciencializado do que pode melhorar, não quer dizer que passe imediatamente a estar preparado para o fazer. Assim, compete ao Coach criar os estímulos certos para que o Coachee desenvolva os recursos certos.
Para isso, há diferentes metodologias e, de acordo com a especificidade de cada pessoa/contexto, saberá o Coach escolher as que melhor se adequam. Destaco a importância e o poder que têm, por exemplo, as metodologias de simulação, como por exemplo os role-playings, uma vez que permitem ao Coachee enfrentar situações padrão para aprender a lidar com isso, explorando os recursos necessários para as enfrentar e contando com a supervisão e feedback do Coach.
Ainda assim, convém reforçar que a melhor preparação que pode ser proporcionada ao Coachee é a que se reveste da possível customização que confere realismo às situações, ou seja, a tentativa de aproximar o “treino” daquilo que será o “jogo”, uma vez que essa preparação deve ser orientada para as reais necessidades da prática.
Monitorização – atendendo a que, ainda mais importante do que a pessoa simplesmente desenvolver os recursos certos é a sua estabilização, pode também o Coaching ser importante na monitorização e acompanhamento da preservação desses comportamentos, uma vez que é diferente saber “o que fazer” de saber “como fazer”.
Há, por isto mesmo, ainda espaço de intervenção. É recorrente a necessidade de apoio na estabilização dos comportamentos que permita a sua consolidação em rotinas, devidamente acompanhadas pelo Coach se observáveis em contexto real, possibilitando uma vez mais recolher informação para, oportunamente, ser dado feedback positivo para reforço do desejável ou feedback corretivo para o que é necessário ainda desenvolver.
Há longos anos, o filósofo Sócrates referia que “a excelência é um hábito, não um feito”. Trata-se assim de permitir a consolidação do que outrora foram comportamentos avulsos em hábitos conscientes, para que o Coachee se possa tornar excelente e autónomo, atingindo resultados positivos de forma consistente e duradoura.
No Coaching, trata-se assim de conseguir ajudar as pessoas a chegar onde querem chegar, mas sem as focar unicamente no resultado. Pelo contrário: trata-se sobretudo de orientar o seu foco para os comportamentos, competências, confiança e hábitos, pois será daqui, do processo, que surgirá o resultado desejável.
No fundo, no Coaching, os resultados que as pessoas atingem são apenas a consequência certa de fazer o que está certo.
Este é o papel que todos devemos desempenhar no Coaching: ser a pessoa certa no momento certo, fazendo a diferença na vida das pessoas.
Autor:

PEDRO SILVA
PROMOFITNESS- Mestre em Psicologia do Desporto, pela Escola Superior de Desporto de Rio Maior;
- Licenciado em Psicologia do Desporto pela ESDRM;
- Professor na área das Dinâmicas de Grupo na ESDRM;
- Fundador e Diretor-Geral de uma empresa chamada Método, que se dedica às áreas da Formação Comportamental, Team Building e Consultoria para Desenvolvimento de Pessoas e Equipas;
- Atualmente colabora também com Equipas, Atletas, Treinadores e Árbitros de diferentes modalidades, nas áreas do Coaching e Desenvolvimento Comportamental.